terça-feira, 29 de março de 2011

a carta

"Às vezes apetece-me escrever uma carta à alma. Deixar bem claro por escrito e reconhecido que há sentimentos que ela não deve ter. Cores que não deve assumir. Momentos pelos quais não deve passar. Nas linhas que lhe escreveria tentaria provar-lhe que a vida não está para tristezas, angústias ou dor. A alma deveria absorver apenas bons momentos, arco-íris de sentimentos, alegrias e outros afins. É uma perda de tempo e espaço ocuparmos a única coisa que temos só nossa, que ninguém pode roubar, matar, anular ou comprar, com coisas que mancham a paleta de cores que deveria ser a nossa vida. Quando escrever à minha alma dir-lhe-ei: "Memoriza apenas o que de bom se passa comigo. "Quem ler a carta que escreverei à minha alma dirá: "Mas é com as coisas más que crescemos".
Mas onde será que isso está escrito? Se vivêssemos apenas de alegrias não seria apenas isso que transmitiríamos uns aos outros? Não é a alegria contagiante?
O amor quando partilhado divide-se ou multiplica-se?" ?

Madalena Palma in Aliciante